ONGs e Empresas – Objetivos Comuns e Confiança MútuaBrad Kenney | ||||||
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Nas duas últimas décadas houve um aumento da conscientização pública nos Estados Unidos no que se refere à s ameaças crescentes das questões globais como mudança climática e conservação de recursos. Nesse mesmo período, floresceu também o relacionamento entre a comunidade empresarial mundial e as organizações não-governamentais (ONGs), em especial aquelas cuja missão é engajar o mundo empresarial na salvação do planeta. O QUE É UMA ONG? Organizações não-governamentais são vagamente definidas como organizações sem fins lucrativos que existem sem o controle de qualquer governo, empresa, partido político ou grupo armado. Elas podem variar de organizações globais altamente estruturadas a grupos mais informais de ativistas locais. Muitas das ONGs mais famosas têm como foco as questões ambientais, ao passo que outras – como a Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional – voltam sua atenção para outros problemas que preocupam a comunidade mundial, como assistência médica à s pessoas carentes ou defesa dos direitos humanos para os necessitados. São financiadas em geral por contribuições de sócios ou doações de instituições internacionais ou de governos. A maioria dos observadores concorda que, tendo a globalização transformado o mundo em uma rede interconectada, as ONGs têm sido eficientes em preencher os espaços vazios entre onde termina o governo e começa a atividade empresarial. AS ONGs E O EMPRESARIADO O mundo empresarial nem sempre foi muito receptivo à s pressões de agências de fora, inclusive nem mesmo de ONGs voltadas para o meio ambiente. De fato, durante a maior parte do último século uma atmosfera de desconfiança e suspeita mútua reinou nos dois campos, o que, com freqüência, tem sido um obstáculo para o avanço dos dois grupos. Entretanto, com a maior proeminência das questões ambientais globais, um nível de alerta cada vez maior sobre os efeitos crescentes da mudança climática (e o potencial para efeitos ainda mais graves) trouxe uma nova era de comunicação e cooperação entre as comunidades empresariais e as ONGs no mundo inteiro – e em especial nos Estados Unidos. Os frutos dessas novas parcerias são fartos para os dois lados. Por exemplo, embora o empresariado global seja atualmente responsável por um grande impacto ambiental, ele também tem os recursos financeiros e a eficiência operacional para, a passos largos, melhorar as operações e diminuir suas "pegadas". Infelizmente, esse potencial de benefícios ambientais pode ser reduzido pela própria natureza do ambiente empresarial. Ao se especializar em maximizar os lucros dos acionistas no curto prazo, as empresas simplesmente não possuem o conhecimento e a especialização necessários para tornar suas operações mais sustentáveis no longo prazo. As ONGs, por outro lado, podem não ter recursos próprios para financiar projetos de melhoria em larga escala. Mas contam com especialistas no assunto que podem trabalhar em suas organizações e com a comunidade empresarial mais ampla para desenvolver políticas e melhores práticas a serem seguidas pelas empresas e pelos governos. Suzanne Apple, vice-presidente e diretora-gerente para empresas e indústria do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), diz que nos últimos anos sua organização começou a vislumbrar um maior potencial no trabalho conjunto com empresas em vez de se posicionar contra elas. "Acredito que uma das coisas de que nos conscientizamos foi o poder do mercado", observou Suzanne. "Por exemplo, se conseguirmos que os consumidores concordem em seguir diretrizes de compra responsável para produtos de silvicultura, podemos provocar um impacto maior do que se estivéssemos nas florestas tentando estancar o desmatamento ilegal." Além disso, Suzanne constata uma pressão crescente nas regulamentações do governo para que as empresas avancem em seus esforços de conservação e redução do impacto – questões em que só as ONGs estão em posição de ajudar. "Com o advento da lei Sarbanes-Oxley e de outras regulamentações corporativas sobre transparência, as empresas estão buscando terceiros para auxiliá-las na auditoria de suas operações de maneira confiável", afirmou Suzanne. OBJETIVOS COMUNS Um bom exemplo da natureza benéfica da parceria entre ONGs e empresas vem do trabalho que a Defesa Ambiental, organização sem fins lucrativos sediada em Washington, D.C., está realizando com a maior empresa varejista do mundo, a Wall-Mart Inc. Elas compartilham iniciativas com foco em cinco áreas: aquecimento global, piscicultura, redução de resíduos de embalagens, uso de combustível alternativo e operações fabris no mundo todo. Por ser necessária à existência humana, a conservação da água é outra questão primordial da agenda das ONGs. Em 2007, o WWF assinou um acordo com a gigante global do ramo de bebidas, a Coca-Cola Company, para o lançamento de uma iniciativa global para conservação de fontes hídricas e reposição da água usada na produção de suas bebidas. Com o crescimento contínuo do comércio global, a comunidade de ONGs está adotando medidas para garantir que o comércio seja livre e justo e praticado de maneira sustentável entre as nações do mundo. O Conselho Empresarial dos EUA para o Desenvolvimento Sustentável (USBCSD – braço regional do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável) – nos últimos anos promoveu várias oportunidades de divulgação destinadas a fortalecer os aspectos da proteção ambiental do comércio mundial, em particular o comércio crescente entre os Estados Unidos e a China. Levando representantes chineses do setor de cimento para conhecer fábricas americanas de última geração ou trabalhando para o desenvolvimento do Centro EUA-China de Sustentabilidade para melhorar o intercâmbio de informações e a colaboração entre os dois parceiros, o USBCSD atualizou seu foco para refletir as novas prioridades dos nossos tempos em mudança. OPORTUNIDADES COMPARTILHADAS Ao participar desses tipos de parcerias estratégicas com gigantes da comunidade empresarial dos EUA, essa e outras ONGs fazem avançar uma agenda ambiental multifacetada cujo impacto é sentido muito além da influência que elas e seus membros poderiam esperar ter. Em troca, as empresas americanas que participam e ajudam a desenvolver essas parcerias estão obtendo assistência valiosa na implementação de amplos programas de redução de impacto ambiental e o fazem de tal forma que com freqüência lhes permite mensurar e relatar seus progressos aos fornecedores, ao governo e, no final, aos consumidores americanos – um número crescente de pessoas que demandam esse avanço das empresas cujos produtos adquirem. Essa habilidade de adaptação à s necessidades em mudança, tanto das empresas como do meio ambiente, demonstra verdadeiramente o tipo de flexibilidade que somente uma parceria sólida, construída sobre objetivos comuns e confiança mútua pode fornecer. As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente a posição nem as políticas do governo dos EUA. |